quinta-feira, 3 de março de 2011

Avdiéiev

Avdiéiev se virou mais uma vez, e o doutor passou muito tempo mexendo na sua barriga; finalmente, apalpou a bala, mas não conseguiu retirá-la. Passou sobre a ferida uma atadura, pregou-a com um emplastro pegajoso e saiu. Enquanto o doutor revolvia a ferida e pregava a atadura, Avdiéiev permaneceu deitado, os dentes apertados e os olhos fechados. Depois que o médico foi embora, abriu-os e olhou surpreendido em torno. Os seus olhos dirigiam-se para os demais internados e para o enfermeiro, mas parecia não os ver e estar fixando algo diferente, que o espantava.

Liev Tolstói, Khadji-Murát. Tradução Boris Schnaiderman, Cosacnaify, p. 75-6.

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