sábado, 15 de outubro de 2022

sétima porta

Tenho embarcado sempre na segunda porta do penúltimo vagão, sétima porta de trás pra frente; porta cinco dois ou cinco sete, como são enumeradas dentro do trem. A quem quer evitar contato e sabe dessa mania, quer dizer, dessa sistematicidade besta de quem quer ser encontrado ao acaso, as coisas ficam mais simples. Na estação que embarcas na volta, pus meu focinho para fora. Não te vi. Também não era hora, estava muito adiantado em relação a ti, mas mesmo assim te procurei no acesso à estação, com o trem em movimento, futilmente.

Saudade de acompanhar.

No ônibus, um sujeito completamente sem noção, sentou-se literalmente sobre meus pés; estava no banco alto e ele não se importou. E me olhou contrariado como se fosse minha culpa ele ter se sentado nas minhas patas, coisa que ele percebeu depois de, bruscamente, tirá-las debaixo daquele rabo seco. Ou, talvez, vai saber, o tipo tenha lá fetiche por se sentar sobre os pés de desconhecidos no transporte público e o tenha feito intencionalmente. Seria uma parafilia?

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

monstrinhos

Estava à espera da aula, tomando café e dando umas tragadas. Sabes bem que que esse lugar é cheio de árvores. E mato atrai bicho, o lugar deles, enfim. E, olhando para o telefone à espera fútil de uma mensagem tua, noto uma lagarta enorme com mais pelos que eu mesmo tenho no corpo na minha bolsa como se lá fosse o território dela. Que acinte da repulsiva. E, além dessa abusada, havia outro bicho, bem esquisitinho, que quando se move o corpo fusiforme descreve uma parábola. Odeio essas coisinhas.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

notificações

Sabes que pouco falo ao telefone, seja por texto ou voz. E, não sabes a irritação que é receber uma notificação e, ao abrir o telefone, ver que não é tua. Praguejo contra o infeliz que me enviou a mensagem como se ele fosse meu mortal inimigo. Sei que isto resulta dos lapsos de nossas falas, sempre amplos demais para meu gosto.