sábado, 18 de dezembro de 2010

poesia e prosa

Não sou bom com poesia, nem com companhias. Saio-me melhor na prosa, embora tu me disseste recentemente que mesmo ela é empolada. Então me vejo num certo apuro, pois mesmo naquilo em que me tomava como aceitável, outrora mesmo bom, não é verdade — embora meu amor próprio, teimoso que é, esteja a dizer-me o contrário. O caso é que hoje queria algo e tentaria dizê-lo via poesia. Desisti. Talvez a poesia, que diz a coisa por si mesma como um acontecer que não se extingue, não seja mesmo o meu métier. A prosa ao contrário, diz um estado, situação, sensação, enfim, de um modo que é capaz mesmo de transcender o que é dito, pois nela é dada a possibilidade de dizer o detalhe e não apenas o estado bruto, uma imagem acabada, coesa, existente por si mesma. E do fragmento, um excerto qualquer perdido entre tantos períodos e orações, se pode captar algo que transcenda o texto, uma perspectiva ou interpretação que traga à baila aquilo que não foi devidamente feito claro ao entendimento, enfim, a prosa tem a capacidade de transcender-se. Talvez esteja a ser injusto com a poesia. Não sou bom com ela. E ela tem sido má comigo.

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