Mária contou que nunca estivera em Moscou e nem mesmo na sede do seu distrito natal; era analfabeta, não sabia dizer nenhuma prece, nem sequer o "Pai nosso". Ela e a outra nora, Fiokla, que agora estava sentada a certa distância e as escutava eram extremamente ignorantes não conseguiam entender coisa alguma. Não gostavam de seus maridos; Mária tinha medo de Kiriak, chegava a tremer de pavor quando estava com ele e, perto do marido, sempre se sentia desnorteada, tão forte era o cheiro de vodca e tabaco que ele exalava.
Anton Tchekhov, O assassinato e outras histórias. Trad. Rubens Figueiredo, Cosac Naify, São Paulo, 2002, p. 96-7 — Os mujiques.
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