sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Escrita medíocre

Essas mentes medíocres simplesmente não conseguem se decidir a escrever como pensam, pois acham que depois o resultado poderia adquirir uma aparência muito simplória. [...] Desse modo, apresentam o que têm a dizer com construções forçadas e difíceis, neologismos e períodos extensos, que circundam o pensamento e acabam por ocultá-lo. Oscilam entre o esforço para comunicá-lo e aquele para escondê-lo. Querem guarnecer o texto de modo que ele adquira uma aparência erudita ou profunda, para que as pessoas pensem que ele contém muito mais do que se consegue perceber no momento da leitura. Sendo assim, esboçam partes do seu pensamento em expressões curtas, ambíguas e paradoxais, que parecem significar muito mais do que dizem (exemplos excelentes desse gênero encontram-se nas obras de Schelling sobre a filosofia da natureza); logo voltam a apresentar seus pensamentos com uma torrente de palavras e uma verbosidade in-suportável, como se fossem necessárias sabe-se lã quais medidas para tornar compreensível seu sentido profundo, enquanto, na verdade, trata-se de uma idéia bastante simples, para não dizer até trivial (Fichte, em seus escritos populares, e centenas de imbecis miseráveis que não merecem ser nomeados, em seus manuais filosóficos, oferecem exemplos em abundância).
— Arthur Schopenhauer.

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