quinta-feira, 24 de março de 2011

"Thomas, de uma vez por todas: você nunca compreenderá nada de música como arte. Por mais inteligente que seja, jamais perceberá que ela representa mais do que uma distraçãozinha de sobremesa, um pequeno regalo dos ouvidos. Na música você carece de sentido para discernir o que é banal, senso que tem em outros assuntos... É justamente ele o critério da compreensão e assuntos de arte. Quão alheia a música lhe é pode concluir do fato de que seu gosto musical no fundo, absolutamente não corresponde às suas demais opiniões e necessidades. Que é que lhe agrada na música? Certo espírito de otimismo insípido; se você o encontrasse encerrado num livro, iria atirá-lo pela janela, indignando-se ou zombando dele. Realização pronta de qualquer desejo inspirado?... Satisfação imediata e amável da vontade mal instigada... Será que as coisas se passam no mundo como numa melodia bonita? Este idealismo não deixa de ser tolo."

Thomas Mann, Os Buddenbrook. Trad. Herbert Caro, Círculo do Livro, São Paulo, 1981, p. 449.

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