terça-feira, 16 de outubro de 2007

20 Minute Loop

The Name
Often people ask us what “20 Minute Loop” means, and because it alludes to something a bit obscure, it might behoove us to provide a little explanation. On private jets, the length of time on a digital cockpit voice recorder (CVR) that elapses before the recording begins to overlap and erase itself—an audio snake eating its tail—is twenty minutes. On commercial aircraft, the length of time on the CVR is thirty minutes. This way, there will always be roughly half an hour of cockpit conversation recorded in the unfortunate event of a crash. What we say before we die is very important to those who survive us. Famous last words are always famous, and everyone hopes that the dying will say something pithy and conciliatory, something that might suggest (we shiver with horror as we use this wretched word) closure. In the case of the CVR, investigators hope a revelation will emerge, a key to the crash; they carry the indestructible box—the “black box” that is more often orange—away from the twisted metal and carnage like a sacred reliquary. Too often, however, the pilots’ voices betray nothing but their terminal proficiency mixed with a touch of animal fear and a heavy dose of frustration for not being able to control the flying beast. Often they are eerily calm, transmitting their imminent doom to air traffic controllers who helplessly watch a green blip descend on a black screen.

This digital loop, this endless recording that awaits a disaster, is part of our mortal expectancy. Michel Montaigne wrote: “we prepare ourselves against the preparations of death.” He probably wasn’t thinking of a jumbo jet when he wrote in the Renaissance, but we can enjoy larger meanings, we hope, without feeling too ambitious. We are not scared of dying; we’re scared of its anticipation.

When we performed with I Am the World Trade Center and Smokey Hormel in 2002, a young man from the first band asked us (before he had heard our music) if we used a lot of tape loops and samples, as our band name implies. The simple answer is: No. But our sets usually run about half an hour, if not shorter, and this, of course, is the same length of time found on the CVR, and we do play the same songs, with some variation, from show to show and set to set, so maybe we do perform a kind of endless loop or sample of music that the audience rarely notices. Pop music, after all, is nothing if not repetition awaiting a disaster. Repetition is pleasurable and deep, just like the three-year-old who wants to read the same Maurice Sendak book over and over and over again, ritualizing the page-turning, the anticipation of wild things lurking in the paper leaves, mouthing the words along with the parent who feels anxious having to read this damned book one more time, only to cherish and preserve the battered copy once the child has grown older and moves on to richer repetitions that don’t include the parent.

So, like everything else, 20 Minute Loop refers to the lovely repetition of life that can never quite escape its expectancy of death. Aren’t you glad you asked?
Música. Mais informações em www.20minuteloop.com

O nome
Frequentemente as pessoas nos perguntam o que '20 Minute Loop' (Giro/Loop de vinte minutos) significa e, porque isso alude a algo um tanto obscuro, é necessário dar alguma explicação. Em jatinhos o tempo de gravação do gravador de voz digital (CVR) que passa até ele se sobrepor e apagar a si mesmo — como uma cobra a comer o próprio rabo — é de vinte minutos. Num avião comercial de linha o tempo de gravação do CVR é de trinta minutos. Assim, sempre haverá cerca de meia hora de conversa gravada na cabine de comando no caso de algum desastre. O que dizemos antes de morrer é muito importante para as pessoas que nos sobrevivem. As famosas últimas palavras são sempre famosas, e todos têm esperança de que aqueles que estão prestes a morrer digam algo de simples e terno, algo que possa sugerir (e nós trememos de horror ao usar essa palavra infame) o fim. No caso do CVR, peritos terão a esperança de que alguma pista surja, a chave para o acidente; eles levam a caixa indestrutível — a 'caixa preta' que é comumente laranja — para longe daquela mortandade e metais retorcidos como uma espécie de relicário sagrado. Muitas vezes, entretanto, as vozes dos pilotos traem nada mais que a competência de quem morrerá misturada a um toque de medo animal e uma pesada dose de frustração por não ser capaz de controlar a besta voadora. Com frequência suas vozes são estranhamente calmas, transmitindo seu iminente fim aos controladores de tráfego que assistem impotentes um ponto verde a descer numa tela negra.

Esse  loop digital, essa gravação interminável que espera um desastre é parte de nossa expectativa finita. Michel Montaigne escreveu: 'preparamo-nos contra os preparativos da morte'. Ele provavelmente não estava a pensar num jumbo quando ele escreveu na Renascença, mas podemos estender os significados, esperamos, sem nos sentirmos tão ambiciosos.  Não temos medo da morte; temos medo de sua antecipação.

Quando tocamos com I am the World Trade Center e Smokey Hormel em 2002, um jovem rapaz da primeira banda nos perguntou (antes que ele tivesse ouvido nossa música) se nós usávamos um monte de loops de fitas e amostras, como o nome da banda implica. A resposta é simples: não. Mas nossas apresentações usualmente duram cerca de meia hora, senão menos,  e isso, é claro, é a mesma duração do CVR e tocamos as mesmas músicas, com alguma variação, de show para show e de set para set, então talvez nós executemos algum tipo de loop sem fim ou amostra de música que o público raramente nota. A música pop, finalmente, não é nada senão a repetição de um desastre esperado. A repetição é agradável e profunda, tal como uma criança de três anos que quer ler o mesmo livro de Maurice Sendak uma e outra e outra vez, ritualizando a virada de cada página, a antecipação das coisas selvagens à espreita nas folhas de papel, murmurando as palavras junto com um dos pais que se sente agoniado por ter de ler este maldito livro mais uma vez, apenas para valorizar e preservar aquela surrada versão da criança quando ela tiver crescido e se mover para repetições mais ricas que não incluem os pais.

Então, como tudo na vida, 20 Minute Loop se refere à amável repetição da vida a qual jamais escapará da expectativa de sua morte. Você não está feliz por ter perguntado?